devir
um pássaro repousa na fiação.
elegante, desfila em penas
a preguiça.
não sabe da moça à janela,
do menino à espreita.
não ouve os sussurros de casal,
seus passos, sua espera.
de mãos dadas,
contemplam a paz solitária.
miram o bicho como quem mira o futuro
- os sonhos, o sal, a lida.
calam-se o peito,a voz e a alma.
de súbito, o trauma da abrupta realidade:
o pássaro, ao vento, voa.
e fica a dúvida.
cara de fernando diegues
palavra de victor valente