segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011


'o azul, não vê?.'

a verdade é que nos perdemos.
mais que nos amamos, nos perdemos.

isso de amor nesses dias de
fast food and fast and furious
faz de nós um tanto menos.

e é triste o amor que diminui.

ontem, pela praia,
a criança me sorriu de um jeito tão bonito.
era como se a verdade me encontrasse
assoviando.

eu sorri.

a mãe, vexada,
veio e levou embora o anjo bom,
em modos de quem recrimina.

viu meus olhos baixos de vergonha
e partiu
(a zelar pelo costume
num tempo em que se tem vergonha
de sorrir).

cara de fernando diegues
palavra de victor valente

3 comentários:

  1. lembrei desta:

    Eu tive um sonho esta noite que não quero esquecer,
    por isso o escrevo tal qual se deu:
    era que me arrumava para uma festa onde eu ia falar.
    o meu cabelo limpo refletia vermelhos,
    o meu vestido era num tom de azul, cheio de panos, lindo,
    o meu corpo era jovem, as minhas pernas gostavam
    do contato da seda. Falava-se, ria-se, preparava-se.
    Todo movimento era de espera e aguardos, sendo
    que depois de vestida, vesti por cima um casaco
    e colhi do próprio sonho, pois de parte alguma
    eu a vira brotar, uma sempre-viva amarela,
    que me encantou por seu miolo azul, um azul
    de céu limpo sem reverberações, de um azul
    sem o “z”, que o “z” nesta palavra tisna.
    Não digo azul, digo bleu, a idéia exata
    de sua seca maciez. Pus a flor no casaco
    que só para isto existiu, assim como o sonho inteiro.
    Eu sonhei uma cor.
    Agora, sei.
    Adélia Prado

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  2. Senti e Adorei cada verso. Principalmente o dito que fala da tristeza! Quanto tempo perdido tem a humanidade tentando evoluir sendo menos humana!
    Obrigada pelas palavras!

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