segunda-feira, 2 de maio de 2011

'meninos, eu vi'


há entre peri e macunaíma
o abismo que separa
o metro e a rima.

que difere a dor ausente
da que termina
e fica,
horizontalizando olhares.

sei porque vi.
uma nação de olhos
de peixe saiu do mar,
e não sabe se anda
ou se serpenteia.


cara de fernando diegues
palavra de victor valente

4 comentários:

  1. Parabens Victor e Fernando pelo blog...belo texto/foto, nos faz "viajar"...
    Abração

    ResponderExcluir
  2. Que relação há entre os personagens citados na primeira estrofe com o contexto do restante do poema? Percebi a associação com a foto.. mas engraçado que esta estrofe parece (pela minha leiga visão rs) estar "destacada" do poema.
    Beijo!

    ResponderExcluir
  3. Peri e Macunaíma, como se sabe, são dois personagens da nossa Literatura. Têm em comum o fato de serem indígenas e de, cada um a seu modo, tentarem dar conta de um 'tipo nacional': Peri, o índio europeizado, subjugado à cultura estrangeira; Macunaíma, o 'herói sem caráter', isto é, não caracterizado, que é também negro e branco - o primeiro é 'tipo exportação', o segundo é a busca pela brasilidade; o primeiro passou, o segundo, em sua busca, permanece.
    Se ambos simbolizam o brasileiro, que tipo de nação queremos ser?
    E como nossa intenção não é dar respostas, deixo uma pergunta: o que significaria então optar por ser a nação que 'anda' ou a que 'serpenteia'?

    ResponderExcluir
  4. A nação que “serpenteia” é a que procura desviar do estrangeirismo, exprimindo nacionalismo (Macunaíma) e a que “anda” é a que simplesmente segue o que lhe é imposto (por influência ou pela força), agregando à sua cultura valores de outros Estados (Peri)? Ou ao contrário: é a que desvia dos próprios costumes e é a que os segue, respectivamente? Ops! Me fiz clara??
    Enfim, independente da referência do termo, acho que entendi a ideia central. Parece haver um certo jogo antitético entre os personagens, que num primeiro momento parecem tão semelhantes pelo fato de serem índios, mas que por uma visão mais aprofundada nos induzem à oposição entre o nacionalismo e a colonização (séc. XVI) ou a globalização (tão atual).

    ResponderExcluir