segunda-feira, 11 de julho de 2011

ágape

ai desses olhos míopes de saudade!

pela tarde que chegava morna,
os sons dos passos se reconheciam
na timidez do encontro.

sei porque vi,
e ainda que se afaste de mim
a memória,
há de permanecer o encantamento!

eis aí a tua mãe,
e os sulcos sobre a pele
deflagravam a verdade
- a mesma lágrima sobre o mesmo colo quente.

eis a tua filha!
(e os anos de espera,
as histórias de um ontem triste
que já é nada).

ver o passado em páginas de agora
vale os dias de lembrança e mágoa.

sei porque vi.
o amor é carne sobre a carne,
é vinho quente que escorre sobre o vidro.





cara de fernando diegues
palavra de victor valente

8 comentários:

  1. Parece possível visualizar esse encontro.Que lindo seria! Podem explicar mais da relação com os barcos? Passa tranquilidade e a impressão de que o tempo não corre mais

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  2. Engraçado... uma foto que talvez eu achasse, digamos, “normal”, ganha vida com a poesia que li antes de vê-la. Mas me passa algo diferente da opinião acima. Me veio a ideia de um casalzinho encostadinho um no outro.. dando sentimentos a inanimados.
    Também achei interessante a construção da primeira estrofe em que, pelo o que eu entendi, a miopia foi causada pela saudade. Tem a ver? Pensei nisso pelo que ambos se assemelham: não conseguir atingir o que está distante.
    Beijo!!

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  3. Tão bonito e tão triste...parabéns aos autores!
    Abraço

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  4. Inspirador Espírito Santo! Bons frutos deste encontro... parabéns!
    Fabrício

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  5. Antes de qualquer outro comentário gostaria de agradecer a positiva repercussão desta composição, que me é muito cara!
    Bom, o Fernando certamente poderá falar mais a respeito da relação entre os barcos, mas o que vejo é, sim, a imagem de um casal (no caso mãe e filha) que literal e figurativamente se apoia.
    Não posso falar muito das motivações para a construção do poema, elas vêm de uma história que em parte presenciei, que é linda, mas que não é minha, entretanto concordo com a colocação que afirma ser a saudade a causadora de uma tal miopia, que não permite ver ao longe, só o que é próximo, o presente.
    Enfim, espero colocações do Fernando, prefiro não atropelar os apontamentos do fotógrafo! rsrs


    Ah, um pedido: por favor, gente, é muito estranho responder a "anônimos"! rsrs.. Caso não fiquem encabulados, identifiquem-se. Vocês nem fazem ideia do quanto a gente curte saber das pessoas que ajudam a construir o nosso trabalho.

    Um beijo do poeta!

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  6. Salve!

    assim como o Victor, fiquei muito feliz com a acolhida que a composição teve por quem nos acompanha. Gosto bastante dela em seus três aspectos primordiais: como poesia, como foto (tenho orgulho de ter achado essa imagem) e como composição.

    O poema já estava comigo algum tempo antes da foto ser feita. E pouco antes da imagem surgir, tínhamos conversado sobre o texto, o que só fez aumentar meu carinho por ele.

    Na hora do clique, tinha pensado nos barcos como casal, um (o laranja) protegendo o outro, um momento de "chamego tranquilo" entre ambos. Victor estava junto comigo e cheguei a avisá-lo que poderia começar a pensar em um novo poema.

    Instantes depois me veio o "estalo" (que não sei bem explicar sua origem..rs) de que havia conseguido a composição para Ágape. Falei para o Victor, que na hora sentiu que realmente havia surgido uma nova composição foto-poesia.

    As cores quentes da foto, a água, o reflexo dos barcos, o leve toque entre as embarcações, a suave ondulação do mar, tudo me remetia ao poema... enfim, esse é um dos trabalhos que mais me sinto honrado (por vários fatores) de ter tido a possibilidade de fazer. Espero que ele esteja à altura da confiança que nos foi dada!

    Abraço do fotógrafo!

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