quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

da história dos três nascimentos

é mil novecentos e oitenta e seis,
pela primeira vez, nasço.
pelos olhos da madrugada eu vejo mundo.
no escuro, eu sou o som que grita,
eu sou as dores do parto,
eu sou o luto.

é mil novecentos e noventa e quatro,
no quarto, minha mãe amamenta um anjo.
ele me olha com seus olhos de sono
e, lembrando o poeta, avisa:
nosso tempo é quando.

o ano é dois mil e sete
(os milagres às vezes se reinventam
ou se repetem)
eu vejo histórias que se calam,
ais que amansam em sorrisos.
no seio da vertigem, um mundo em paz.
mais, é o que somos às portas do abismo.

cara de fernando diegues
palavra de victor valente

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