quinta-feira, 31 de março de 2011

devir

um pássaro repousa na fiação.
elegante, desfila em penas
a preguiça.

não sabe da moça à janela,
do menino à espreita.
não ouve os sussurros de casal,
seus passos, sua espera.

de mãos dadas,
contemplam a paz solitária.

miram o bicho como quem mira o futuro
- os sonhos, o sal, a lida.
calam-se o peito,a voz e a alma.

de súbito, o trauma da abrupta realidade:
o pássaro, ao vento, voa.
e fica a dúvida.



cara de fernando diegues
palavra de victor valente

Um comentário:

  1. A dúvida, ainda que fique
    Paira mais leve, pluma do pássaro que voa
    A realidade que, partida, persiste,
    A canção do desejo o coração entoa

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